ABOIO DE GENTE

Data 20/02/2017 22:04:44 | Tópico: Sonetos

ABOIO DE GENTE

De manhã passo em frente à sua casa.
Pois, desde antes do sol, lá da varanda,
Ficava aboiando a gente que à rua anda
E para o soar do apito já se atrasa.

Entoa a voz que induz a vida rasa
Dos que vão para a fábrica e lhes manda
Aquela saudação ou grita branda
Que o amanhecer um pouco mais apraza.

Estava sempre igual: Vermelho e forte,
De riso aberto, embora insuspeitadas
Recordações d’alguma adversa sorte...

Vai tangendo-nos pelas madrugadas.
E, evocando o sertão, afasta a morte
Sentado sobre as pernas amputadas.

Betim – 19 09 1999



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