Hiperplasia do tempo

Data 27/02/2017 17:18:39 | Tópico: Prosas Poéticas

Cada tempo tem seu motivo

sua existência

assim como o silêncio tem

seu eco, sua reverência



Cai a chuva lavando a alma

das nuvens e dos ventos

A seu tempo maquilha os céus azuis

matiz das lembranças mais subtis

gargalhada renovada onde viceja

o cântico em transe assim tão gentil



Perpetua-se a vida jorrando todo

fértil perfume dos amores alimentando

o silêncio hausto que deleita

num trago

a súplica abstrata de um tempo

onde me refugio em luto

na longa e lájea caminhanda por este

destino onde ladrilho o aposento

de um sonho bem aventurado e absoluto



Quando a chuva passar

deixo as nuvens de novo engravidar

cada chuvisco ao abandono

Pernoitar no amniótico tempo

onde tecemos a vida rompendo

o ungido silêncio insuflado na

brandura de um sorriso que ovaciono



Sonâmbula e lenta chega a madrugada

Desperta agora a nudez dos meus silêncios

cercados neste senil evento da saudade

que me deixaste homologada e

arraigada em melancolias onde guardo

cada destroço desta vida doendo

como uma hiperplasia embriagada

FC


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