ORELHAS-DE-PAU

Data 20/03/2017 12:24:45 | Tópico: Sonetos

ORELHAS-DE-PAU

Havia um tronco de árvore partida
Bem no meio da calçada, em plena rua.
Fora deixada ali e continua
A apodrecer depois de suprimida.

Por madeira de lei, o toco sem vida
Exibe o cerne sob a casca nua,
Enquanto o tom de brasa se acentua,
Por haver toda a seiva enfim perdida.

Sem embargo, laranjas excrecências
Combrem o nobre pau feito insolências
A maneira de orelhas ou algo vil.

Cheio de orelhas, o pau que ali fenece
Queda em silêncio como se dissesse
-- "Aqui jaz outro jovem pau-brasil".

Betim - 20 03 2017


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