ATROPELAR

Data 21/03/2017 13:04:01 | Tópico: Textos


ATROPELAR

Certa vez numa viagem de carro, o motorista com quem eu estava, sem querer atropelou um pastor alemão, que infelizmente morreu na hora.

Aquilo me marcou por muitos anos, e sempre revivia a força do impacto do corpo do animal contra o para-choque do carro.
Sei que foi sem querer, o animal veio correndo e não tivemos como impedir.

Por que eu falar disse agora?

Talvez o quadro sentimental que marcou minhas memórias sirva para comparar outras situações que marcam, que fazem doer.

Talvez seja isso que acontece quando brincamos com os sentimentos dos outros... sem querer podemos “atropelar” as pessoas. Feri-las profundamente, por assim dizer.

A vida é um “carro” nos dada pra guiar, e seguimos com a velocidade que escolhemos, com mais ou menos prudência, e vamos com nossos sonhos, sorrisos ou lágrimas, revelando quem somos nós, e num belo tempo dessa rota, nos encontramos numa estrada ensolarada, sem saber do que o espera na próxima curva.

E vem o choque!! Pá!

Sim, eu talvez fale aqui como sendo o pobre cão que morreu agonizante, ou a pessoa que ferida, crédula de ser amada, é atropelada por ilusões.

Mas falo aqui como sendo quem guia o “carro”, que acreditando que o percurso é seguro, que o sentimento alheio não é tão frágil, acabamos, “atropelando” corações, e “matamos” esperanças inocentes.

Relações pessoais as vezes carregam essa gama de dor. Infelizmente eu já agi como quem atropela, quem sem querer, feriu.

E, em casos assim, com o amadurecer do tempo, se acautela nas entregas, pondera-se nas palavras, ou até, se limita em ser só, por temer ferir novamente.

Talvez um dia, o perdão venha, do outro e de si próprio, mas as consequências, os cacos ficam, mesmo juntados, não se apagam as marcas.

Quem sabe, poder voltar a dirigir pelas estradas que carregam vivencias, tantas histórias e sonhos ainda não realizados. Aplacar o medo de não machucar mais ninguém. De querer, de provar, de começar de novo.

Quem sabe...Talvez...permitir-se ao "volante" com as cautelas da razão, lembrando que corações são frágeis...


As vezes fico fazendo comparações, e escrevo minhas bobagens.



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