Chico Buarque...o poeta verde

Data 13/03/2008 14:35:14 | Tópico: Crónicas

<Quando meus olhos cansados, se furtarem da luz e minhas pálpebras pesadas renderem-se ao sono eu não terei podido ir.O poeta verde estará em minha Sampa cantando as músicas que compuseram minha vida.Contas feitas, duplicatas, cartões de crédito, falta de saldo bancário, não permitem que eu ouça e veja, já terei rido de minhas dívidas impagáveis e adormecido.Estarei viajando em meus sonhos vendo sua figura magra dedilhando o violão, derramando sua poesia na platéia, a voz pequena se agigantando nos ouvidos emocionados dos privilegiados que o vêem e dos pequenos poetas que o sonham.Devo a ele 50% do que fui e tantas e tão gratas lembranças.
Andei a toa na vida, vi Januaria na janela, já tomei a gota d”água, viajei nos olhos fundos de Carolina , sambei na pista vendo gente na galeria, o galo cantou sem que nenhum militar impedisse, maltratei meu coração, tantos retratos em branco e preto, tantos sabias, olhos nos olhos, tantas mulheres com e sem chocalhos amarrados na canela, revoluções cantadas com amores e cravos, quantas coxas enroscadas, amores de jeitos mansos, tantos... e tantas outras que nem lembro.O poeta estará somando alegrias, sonhos, e emoções no seu canto.Quando o poeta verde, com nome de rio, e com todas as alegrias deste sofrido povo, agradecer as palmas do seu publico, em sonho receberá também as minhas.Eu tentarei compor uma sopa de letrinhas, enquanto durmo encantado em uma pilha de palavras que juntei do seu canto.Qualquer dia em São Paulo.
Carlos Said



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