o poema faz-se sempre contra abismos criados

Data 07/05/2017 03:37:31 | Tópico: Poemas

..............
........
..............................
.
.
.
.....................................
*****************
************
******
............................................
.........
................
..................
....................
..................................
........
.


… poisam incandescentes hiatos

no teu ventre.

Abrem espaços pelo roseiral que o tapa

espinhos transitórios
coroas resilientes

enquanto a vertigem fervilha
[nem sei se é urgente]. Mal chegaste e

já te vais

desabitas

pelo uso elementar dos movimentos
aleatórios
clandestinos

a muralha que os cerca. Enxugam-se
contornos ocos

na nudez do espelho

como o rio
nas pedras ao derredor
quando lábios se tocam

e a fala

difusa
confusa

grita contra o tempo.

O poema nasce sempre
nesses abismos criados
inertes

inaudíveis.

(Ricardo Pocinho – O Transversal)






Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=323302