o poema faz-se sempre contra abismos criados
Data 07/05/2017 03:37:31 | Tópico: Poemas
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… poisam incandescentes hiatos
no teu ventre.
Abrem espaços pelo roseiral que o tapa
espinhos transitórios coroas resilientes
enquanto a vertigem fervilha [nem sei se é urgente]. Mal chegaste e
já te vais
desabitas
pelo uso elementar dos movimentos aleatórios clandestinos
a muralha que os cerca. Enxugam-se contornos ocos
na nudez do espelho
como o rio nas pedras ao derredor quando lábios se tocam
e a fala
difusa confusa
grita contra o tempo.
O poema nasce sempre nesses abismos criados inertes
inaudíveis.
(Ricardo Pocinho – O Transversal)
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