
Intensidade
Data 14/03/2008 22:59:15 | Tópico: Poemas
| Vieste Lua cheia dos meus dias por uma noite de chuva igual a esta desceste na falua dos meus olhos e meu corpo se vestiu de melancolia eu frágil, frágil ilha descoberta, inventada certamente por ti num qualquer mapa de mistério e em minha flora te fiz giesta, de meus sonhos árvore intensa, de meus versos fera e lidador, meu perímetro teus braços minhas colinas abraços, meus recifes a doçura de teus beijos encantados longe, longe e perto o teu olhar, a tua voz meu deserto, voz de Merlin desterrado, voz de quem vagueia perdido e se encontrou a meu lado, tu vento insubmisso vieste de madrugada, e no degelo do meu sol de Inverno, esta poção dos meus versos, minha paixão intenso apelo, tu, tu a raiz que não cresceu, como quando o amor é mais forte que aquele que o pensou. Como quando o poço é abismo e a ravina falésia. Qual dos dois, pergunto-me eu, nos inventou? E a lava fez-se rocha e a rocha erosão e o tempo ficou na minha ilha, erguendo castelos nas dunas da ilusão... Ilhas depois e muitos sóis passados na invenção da Obra nos perdemos Fiquei a saber que me inventaste como composto de carbono e ácido, ou flor rara do silêncio. Fiquei a saber que as nossas naus se perderam na eternidade de um abraço e a intensidade foi o meu leme, para um infinitivo intenso. Ainda hoje não sei quem me inventou Se foste tu ou se fui eu. Porque há a intensidade, esta latitude de meus versos intenso amor, intensa a vela, intenso o vento, intensa e bela a noite em que me perco…

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