Cedo serei, sou ...
Data 19/03/2018 00:42:14 | Tópico: Poemas
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Por vezes não sei
Por onde ando, se no campo da batalha Onde quem não m'lembra sou Ou aonde crês tu ser agente secreto Do que passa e passou - sem se mover,
Crês tu poeta ser, convence-te Que a lembrança é passar e ver, Convém ser o que passou pra ser, Pra que fique do que penso o que sou
E pra que me lembres poeta, ou Vento sendo, sou poeta, improfícuo Eu sou, és tu meu solo infértil ou não, Comecei cedo sendo faúlha,
Agora sou vento, bravio como convém, Cedo serei mais além que desta vida, Às vezes sou nem lembro o quê ou quem, Entender-me cansa, sonhar menos,
As vezes as faúlhas queimam, o estandarte e sujo-o de terra e hulha Mas o vento ao passar como Um rio, lava-me a consciência
E volto a ser criança brincando Aos soldadinhos de chumbo, Até rebentar outra terrível Guerra do fogo mal apagado,
As vezes as faúlhas queimam o estandarte e sujo-o de cinza Eterna nos azuis montes Por onde ando e faz frio e aí
Passo a ser eu, de novo Ivan, Por vezes nem sei ao que vou Preso, se à graça eterna ou apenas Ao peso de um pedaço de carvão
E terra infértil, o artificio de um mendigo É o instinto, em mim tão pacato Que nem o sinto mover ou se por mim Passou cem vezes sem duvidar que me divido,
Entre quem sou e quem nem serei ...
Joel Matos (03/2018) http://joel-matos.blogspot.com
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