Nada do que possa acontecer, será...o que foi.

Data 17/05/2017 10:48:57 | Tópico: Poemas

Não.
Não disse tudo o que guardei,
anos a fio.
Dou conta que são tantos
pelas rugas do meu rosto.
Naquele tempo,
quando me olhava ao espelho
com doçura,
e até,
com uma certa vaidade
por achar que o meu rosto era "limpo"
sabia (numa certeza que era minha)
que o tempo iria atraiçoar-me.
E tudo o que calei,
ajudou.

Minhas expressões ficaram sérias
como se elas próprias
tentassem decifrar,
traduzindo depois, à letra
cada nó na garganta que se formou,
cada sapo que engoli,
cada choro que contive.


Não.
Não faço colecção de mágoas,
mas uma ou outra
teimam andar por aqui a saltitar
fazendo-se valer da sua presença.
Sentença,
que revira os meus dias sossegados.
obrigando-me a lembrar,
o que não quero que seja recordado.



Não.
Não usarei as vestes da tristeza.
Eu, de rosto outrora "limpo"
agora,
desenhado em várias linhas paralelas
a mostrarem que já passou,
não vou perder mais tempo.
Vou correr pelos prados,
colher flores de aromas vários
e exibir o meu sorriso raro,
feliz por existir.










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