Sem abrigo

Data 15/03/2008 10:53:55 | Tópico: Poemas

Retorno ao passado
Num momento convalescente
Como um toxicodependente
Corro em busca do material de toda a gente
O que cada um sente

Recolho-me nas almas
Naquelas brisas calmas
Percorro-as sem barafustar
Percorro-as, na busca desesperada
De um sitio onde me instalar

Num lugar onde possa me alimentar
Sobreviver as crises de podridão
Estou a desesperar por um sitio onde ficar
Onde me manter sem ração

Um lugar simples sem grande decoração
O que interessa mesmo é o sentimento a recordação
Não um local desparasitado de almas e impropérios
De estar tudo amedrontado por sopros e sopradelas

A casa, o quarto que mantemos fechada
Do resto do corpo palpável
A parte a qual enfeitamos
É a menos ornamentada

Que todos vêem é óbvio
A parte de dentro é sóbrio
Soa a frio
cai geada,
Enerva ser onde vivo
Enerva ser o que preciso
Porque essa parte costuma estar selada!

Tenho ar de sem abrigo
Tenho corrente aos pés
Não é o mundo meu amigo?
O meu ego está faminto
Só quero um coração, um recinto.
Uma situação presente
Num momento convalescente



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