Ritmos

Data 16/03/2008 19:50:24 | Tópico: Poemas

Dormita um fio de luz boleada a branco
na copa redonda daquele pinheiro manso.

No banco de jardim caruma agulha se joeira lânguida
adaga sombra por sobre carcaça inteira.

[a agulha vai e vem em ponto luz - penetra a tarde
perfura a pedra-basalto em salto alto].

Tombo inquieta de corpo e sangue incerto.
Alma escarpa
epidérmica se esbate envolta em eco.

[escasseiam-me os risos e os prantos
celibatárias divindades afogadas em alto-mar].

É eterno o desagasalho o frio que se escorre
num cesto descosido de maquetas e palavras.

Uma valsa lenta
sob um pôr-do-sol dramático
Um bolero urdido em pernas em penas
O corpo em arco
Um aro
um ritmo arrojado ao tango.

Danço
em trechos liliputianos
(des) compasso-me no emarear das ondas.

Daqui do mar. A um só passo.
Um traço
Um espaço em branco
Um vocábulo solto. Daqui o mar de novo … revolto.

Dormita labareda cândida
enreda em leito – (a)corda estica sisal dorido.

Dormito
no colo um livro aberto
um lenço antigo bordado
uma meda d’algodão um crivo
e uma roca de fiar o verbo irregular.

É urgente substantificar ritmos.


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