PROMESSA

Data 05/06/2017 11:42:27 | Tópico: Poemas

Não é que me tenha zangado com a Poesia.
Não.
Poesia será sempre o meu cálice de elixir
Feitiço líquido
Amavio doce
Graal onde concentro o existir
Alma de rosa onde me escondo
Bebendo o orvalho agridoce
Das palavras de toda a gente
-
Que depois (inteiramente me expondo)
Revelo maceradas em sangue e lume
Como quem
infinitamente
Lhes busca o mais raro
Excepcional perfume.

Não.
Calma.
Nunca me zangarei com o mais caro
Filtro de Alma.

Apenas colhi mais rosas que podia.
O meu jardim pede pousio.

Parece-me que esgotei toda a poesia
E o que me resta
Por agora
É só um fio
De sangue livre
Na minha mão
Traindo a alegoria
De Pandora:

Esse espinho que me regride
Ao insuspeito filão
Dentro de mim
Não é mais que arado fino
Prometendo à minha pele
A aventura das sementes
De uma outra rosa
Outras pétalas de papel
...
A longura apetente
De uma Prosa.


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