AMOR FATI
Data 10/06/2017 11:17:12 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Ontem desenhei uma felicidade Que só existia em mim, E pintei um amor Com as cores Da imaginação.
Revivi o passado triste, Sofri pelas dores sentidas E pelas não vividas. Vi meu fantasma, De outros tempos, Mas não vi o presente Tocando de leve Meu hoje, Meu momento Mais importante,
Idealizei pessoas E chorei minha decepção. Por não saber conviver com o real. Vi apenas o simples modelo Que só existia em meu mundo irreal.
Aos poucos, fui me despindo Do ideal que só vivia em mim. Fui dando adeus a um passado Que deveria ficar no seu tempo. Para viver meu melhor momento, Tive que limpar minhas janelas, Deixando para trás as ruínas Que me aprisionava na ignorância .
Meus ídolos são agora ilusões, Cujos nomes se perderam, Quando olhei para dentro de mim E vi meu presente apagado, Em um mundo que não era meu.
Enxerguei-me no grande universo, E este me ensinou, pouco a pouco, Que embora vivendo dentro dele, Como todas as pessoas, Sou apenas um minúsculo mundo, Que precisa compreender Que nada muda se eu não mudar Meu jeito de olhar os outros mundos.
Meu conceito de amor mudou, Quando parei de idealizar pessoas. O amor pode ser perfeito, Todavia não o encontramos Porque o objeto amado Não corresponde Ao nosso desejo nem a forma Que o idealizamos em nosso íntimo.
A felicidade plena não existe Porque todos somos mundos em construção, Buscando satisfação Fora de nossa realidade. Porém, a vida cobra momentos felizes E esses devem ser vividos no real, Com pessoas reais, No tempo mais atual, E de forma mais natural possível.
Quando iniciei, o texto era diferente E foi tomando identidade própria. Porque o momento nunca é o mesmo. E até mesmo um texto Toma rumos diferentes.
Ao adentrar as idéias pareço outro, E assim vou me vendo como uma cebola, Que aos poucos vai se despedindo Da pele grosseira, que a impede De ver o mundo do jeito que ele é.
Alguém acaba lendo meu texto E vê coisas que não vi. Há os que se identificam com o texto E os que não gostam do que escrevo. A todos dou o direito de criticar, E para mim, importa não me afogar.
Vou refletindo e me esvaziando De falsas felicidades, de falsos amores E de tristes fotografias.
Sempre que termino um texto Sinto vontade de abraçá-lo, E aprisioná-lo no papel. Assim como fazem as pessoas Com o ser amado. Então alguém me diz Que ele não aceita Ser apenas do meu mundo, Uma vez que está fora de mim.
Ontem eu o desenhei, Hoje ele virou realidade. Amanhã não importa Se sobreviverá . O importante é que vive agora dentro e fora de mim. Lu
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