
Sorver o Sumo II
Data 12/06/2017 17:36:19 | Tópico: Poemas
| Sorvi do fruto o último sumo Que restou no fundo da cesta. Peguei papel e pouco de fumo Enrolei um cigarro após a sesta.
Como eu sou meio de veneta Aproveitei papel e da caneta Olhei os pássaros na gameleira Numa tarde fagueira de sexta... Feira.
Com eu tenho muito de palhaço E muito, muito pouco de poeta Fiquei a desenhar ave no espaço Numa estranha e bizarra silhueta.
Estanquei no primeiro parágrafo Usei um ser imaginário: Um grifo. Lembrei dos sofrimentos de Sísifo, Da ilha de Lesbos, dos poemas de Safo...
Nada de nadar na minha inspiração. Levantei os meus olhos para o teto ( Já não tinham palavras pelo chão) Quando deparei-me com um inseto
Que tecia uma fabulosa confecção. Adentrou-me uma tamanha melancolia Ao assisti-la no seu engenhoso trabalho Enquanto eu não tinha escrito uma linha.
A tarde ia morrendo em triste agonia. Uma estrela acesa por um divino dedo. A barra do dia levado pelo manto quedo E tudo que era, já não é mais. Virou poesia.
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