~O poeta e as palavras~

Data 13/06/2017 16:23:14 | Tópico: Prosas Poéticas

O poeta escreve versos nos pedaços do tempo. Ergue emoções. Embala corações. Na crista da esperança aprumada constrói o mais precioso templo literário. O que lhe importa não são as palavras que ele desenha, mas sim as larvas que nelas residem, porque têm o poder de fazer modificações profundas no ombro sobre o qual pousam.
Nas palmas do poeta, pedras e troncos ganham vida e circulam nas ruelas cuspindo encantos. O poeta não dispensa o pensamento lógico (que usa para tracejar os "eus"), e a criatividade (que aplica para encher os "eus" de vida e realidade especificas). O poeta abraça as palavras e contempla a respectiva fonética. Faz-lhes mutações genéticas e cirurgias plásticas. Dá-lhes um certo sentido absoluto numa determinada frase e antes de arruma-las em versos e formar estrofes, oferece-lhes asas angelicais e pinta-as com as cores mais vivas do universo. Bruscamente, as palavras se abraçam, e, freneticamente se deitam no ventre da maravilha dourada.
Nesta ordem de ideia, pode-se dizer que - um poeta é um ilusionista cauteloso porque mesmo a palavra mais triste quando é por ele trabalhada ganha alegria no avesso. Sim, um poeta carrega no seu peito uma ilha de flores sedutoras queridas por todos. De facto, ninguém as recusa, visto que levam quem as toca à essência da pura verdade e dão-lhe uma ampla visão. Sendo assim, um poeta é também um pensador autónomo que brilha mesmo no epicentro do abismo dando voz a todos e a aqueles que têm as gargantas algemadas.

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Fernando Absalão Chaúque
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