Exercício Poético (Da Última Morte)

Data 13/06/2017 16:52:19 | Tópico: Poemas

O sangue que apregoa a morte
No conforto dum corpo deserto
Despido de mágoas e alegrias
Segue agora para outro norte
Sem que o olhar fique desperto
Entre a solidão das letargias

O chão duro estremece sem sorte
Desmoronam das suas mãos sujas
Os desejos perdidos de outros dias
Fez-se silêncio de nada que importe
No paladino som do piar das corujas
Sombra das luzes ou outrora magias

As árvores baloiçam em loucas danças
Como trapezistas de olhos vendados
A arriscar o seu último salto imortal
Gentes destas e doutras andanças
Que pariram os seus filhos soldados
Para esta derradeira batalha final

Sois não mais que meros tresloucados
Arrastando pelas pedras tais memórias
Como pedaços de ser ou coisa alguma
Seus pardos corpos desmembrados
São estas estátuas de vidas inglórias
Lágrimas invisíveis de coisa nenhuma



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