EnDiabrado

Data 24/07/2017 21:09:10 | Tópico: Sonetos

Sinto-me endiabrado à plenitude
Dos dias com luz negra ou ofuscante,
Sou a migalha de algo tão marcante
Entre as últimas páginas de crude.

Sinto-me preso nas pedras do açude
Onde as terras bebiam refrescante
Água regadia tão semblante
Que agora negra a vida já não ilude.

E é no rascunho dos chifres que trinco
Afiando os meus dentes laminados
Na ânsia, negridão nefasta trinco

Das portas da mente em paz e enterrados
Sentimentos de afecto em negro brinco.
Restam-me só poetas enforcados.

António Botelho
24-07-2017



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=326227