pinóquio
Data 01/08/2017 12:08:24 | Tópico: Poemas
| eu acredito, mesmo que a minha glote se tinja de vazio, mesmo que os meus gestos hábeis sejam fáceis e falsos, como duas mãos unidas numa missa vespertina
reconheço-o na jaula de um circo, no ventre de leviatã, ou seja, na mais perfeita claridade dessa falésia que sempre busquei
pressinto-o nas baias dos parágrafos, nas serifas de cada glifo, no seu corpo fuzilado de pingos de tinta sobre gesso
a brisa da meia tarde sobre a sua pele de fórmica, as folhas douradas no campo dos milagres,
a multidão de boca aberta tudo fraude? vanitas vanitatum?
e serás tu, de azul desmaiado, a revelar essa verdade?
sabes o que sou, sabes o que fazer
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