*SOU UM LÁTEGO POÉTICO *

Data 25/08/2017 09:08:47 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Tremo! Escrevo! Paro! Escuto.
Verto! Todas as lágrimas do mundo.
Reduzo-me. Ao látego que me flagela!
O corpo que deixo habitar! Na minha alma.
Reduzo-me ao que sou. Que não é nada!
Barro de argila seco insignificante.
Apenas um naco de nada. Sem nada, a vida!
É crua. Dura com o fel de uma víbora!
Uma árvore que definha e seca de pé.
Conquistando um fulcro vazio e potente.
Sou quem há muito morreu! Vaguiei sem sair.
Sair de onde pergunto! Eu. Se sou um látego.
Roto, vestido de farrapos velhos deixados!
No lixo por alguém mais pobre que eu.
Perdi-me enquanto! Sou escravo da vida.
Tornei-me numa pessoa encarcerada de mim!
Sem uma réstia de fé! Na carne que me fustiga.
Tremo! Escrevo! Paro! Sorvo! Choro!
De olhos vedados. Fechados. Veio-me à memória!
O cheiro da terra. Do capim molhado.
Parece-me um poema! Mas eu sou apenas um látego.
Fica a escrita
De lutos. Soltos à noite.

Isabel Morais Ribeiro Fonseca



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=327326