Nas saias da noite

Data 12/09/2017 20:41:10 | Tópico: Poemas

Amedronta-me a paz que não tenho,
O mantra rompendo o cerco,
Pássaros no ar sem maneio.

Escuto os acordes reais,
breves, vítreos, fagueiros à foz.
Tão belo este moço!...
Por que ele está me chamando?

O que lhe tolheu o seio?...

Passos em transe, passos vigilantes,
despertam-me à porta dum pavoroso céu.
Ah, triste era dum coração só!..
O desejo com seus dedos quentes
faz o giro de novo.

E eu voo... E eu voo...

O corpo está arriçado de flamas.
Ó, pavoroso céu!...
Por que está me tocando?

Já estão subindo as águas, Seu Moço;
Já estão subindo!

Agosto estende o silvado e
murmulhos serpeiam
num vaivém rouco.




Leonor Huntr




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