A ENCHENTE

Data 15/09/2017 12:16:04 | Tópico: Sonetos

A ENCHENTE

Perdi tudo o qu'eu tinha em minha casa:
Inúteis os retratos, livros, discos...
Voltei assim que pude; corri riscos,
Para rever só restos n'água rasa.

Mesmo agora, o arroio ainda vaza
Pelas frestas dos pórticos mouriscos.
Enquanto apenas pássaros ariscos
Pousam sobre gradis que a chuva arrasa.

Molhadas, as lembranças e a mobília
S'entulham pelos quartos da família
Sem que nada se possa aproveitar.

Acendo no salão outra candeia
E admiro àquele caos como se alheia
A vida que vivi n'este lugar.

Betim - 15 09 2017


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=328127