coisa de asas

Data 08/10/2017 19:30:54 | Tópico: Poemas

fixo-me nas montras do tempo.
penso num testamento para ti comandante deste inferno
e por entre possíveis viagens, destinos, vigias,
desfaço em contratos meu coração
tentando não escrever nas cláusulas
definitivas melancolias.

não quero ir em contas triunfantes,
converso com os botões em suas casas
eles, sempre certos elegantes
dizem-me que razão também é coisa de asas.

estudo documentos validados
e estudo também os seus contrários
relembro o catecismo das flores
e visito nas estações comboios solitários.

volto depois à minha tarefa certa e triste
onde rasuro repetidamente as folhas deste Outono
vou construindo a rosa dos ventos onde assopro a dúvida
e a noite chega para me lembrar a idade,
esse trono que desaba e nos assiste.

mas, não se conforma nunca o meu dizer
esse cavalo doido com quem esgrimo
vou com ele pelas igrejas, notários, tribunais,
alio-me a exércitos de justos, mundos e fundos
ou caravanas de ladrões,
onde tudo vale, se por segundos
conquisto a paz da tua rendição
às minhas ilusões.



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