Reino do que não é meu

Data 23/10/2017 17:20:23 | Tópico: Poemas


Toda célula se constituirá
e apoptosamente se destruirá
dentro do que me fora emprestado

[...]

Adentrar num universo
com a permissividade do Criador
no intuito de laborar
pela fictícia ideologia do amor

Encontrar um mundo
rabiscado por sonhos,
com moradas rústicas
dividindo o cenário
com palacetes futurísticos

Poder usufruir e dar posse
à materialidade exposta
fazer brotar o sentimento
surreal do egoísmo,
deixando-nos nus

E à luz da verdade dos sonhos,
revelada pelo que vem antes
e depois, repita-se, apocalipcamente,
torna-nos ignorantes mentais

O apego congela a percepção
de ampliar a espiritualidade,
flagelando o cordão umbilical
que nos alimenta de ascetismo

O profano coroa a inverdade
e, dependendo da dose,
envenena a mente,
passando a ordenar maus feitos

Todavia,
como só estou de passagem,
e assim me sinto,
traduzido mundanamente
como passageiro,
verso a brandura e mansidão
dos sentimentos,
e a pureza do coração
que pulsa em favor do bem.

Renato Braga


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=329322