cataratas
Data 10/11/2017 18:31:38 | Tópico: Poemas
| serei, pois, cordeiro envenenado. e engulo de novo a bôla azeda que o avô me deu a provar, vinha arranhado dos tojos e os moinhos eram distantes, fui corcel contra gigantes, mas agora, pobre despojo,
tenho libido de outono, asas de cobre, olhos de sono, um demónio de meia idade sorvendo taças de lava, que revê, uma a uma, as pupilas em que a sua sombra pousou, a queimar longes e cercanias...
seguir a cegueira dos dias talvez fosse o nosso fado. enganar-te (e a mim próprio) com risos a lápis de cera, quando as portas se encostavam e as ventosas de um segredo protegiam (talvez) das ventanias.
faz-me então mais um favor, descerra-me essas comportas, mas não deixes que te empurrem para o vórtice de clamores de que um dia talvez regresse: há uma brisa sobre essas cinzas que nos engana como uma prece.
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