Solitário

Data 22/03/2008 19:57:18 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Aborreço-me do silêncio
nos contornos do chão
e das paredes sem assunto.
Vestem-se os monólogos
do diálogo…
estou vivo no eco
das romarias algazarras
do passado.
Os pés pensam o chão
os olhos pensam o frenesim
de uma ilusão
a boca pensa o demónio
e as escamas da maldade,
o corpo esse pensa os enganos
e a voz maltratada da emoção.
E no rés-do-chão da alma
eu penso se serei o bicho manso,
domado, educado com medo,
ou se ao invés, degenero
e mordo com ferocidade
quem me conspira vilão
e me faz sacanices…

Já me atormenta
subir no vazio da voz
… solidões.
As horas ferem
secam os ossos do sonho
- num esqueleto do tempo
são solidões da solidão
pelos dias viventes
de um mero solitário.
…Se acordo o irreal
a realidade morre de ciúmes,
daninhos.
Se finjo não senti-los,
morre-me o corpo
proscrito.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=33086