Tempo é faca

Data 22/03/2008 21:56:53 | Tópico: Poemas

Na lenta despedida dos pássaros
escuta-se um cantar na clave dos amantes

Inaugura-se a mesa posta
para as visitas que vêm do mar
pois em ti não há relento

O pátio cercado por ameixoas
que julgo estarem sempre maduras como as minhas velhas tíbias
são meras aguadas da paisagem veloz

Os gritinhos das aves-namoradeiras chegam aos ouvidos em sonoplastias
e toda a fonte se constrói numa tangente de lábios

O tempo é faca
que não faz sangue
ou se faz
é porque caiu nas mãos de um abstracionista
que espera o seu primeiro filho

Sento-me e levanto-me
levanto-me e sento-me
na colcha leve do quinto andar da maresia

No colo quieto de um perdigueiro
espero a ave que me fugiu da cartola!




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