Sabem..?

Data 04/12/2017 10:13:35 | Tópico: Poemas -> Solidão


Um pequeno suspiro,
O riso que veio do fundo da garganta,
Amargo,
Frustrado.

O sofrimento que latejava,
A alma que se agitava,
Na tentativa de lutar contra aquela demência.

A dor,
O levantar dos cantos da sua boca,
Num sorriso farto
Estendendo-se pelos lábios,
Numa satisfação sanguinária e desumana.

Um líquido espesso que caia,
Sobressaindo á vista
O seu próprio sangue.

A lágrima que rolou,
Misturando-se com a vã esperança,
O corpo que tremia
Como se fosse Inverno.

A fenda mais profunda,
Que lhe queimava as entranhas,
Os gemidos na fútil tentativa
Para os abafar a todo o custo.

O sangue que jorrava….
O sangue.

Imaginou-o a contornar os pulmões,
Bombeando o centro.

O coração…

Esse que chorava por uma perda,
Aquela onde não há compensação.
A de si mesma.

Aquela segurança,
A sensação de ser protegida,
Desaparecera.

O amor,
Oh o amor,
Aquela potencial ligação perigosa,
Ligação que depois poderá quebrar-se,
Via-a não mais que
Uma associação ao abandono.

O silêncio tornara-se repentinamente pesado,
A quentura que sentiu,
O abraço que a envolveu.

O coração,
Sentia-o debaixo da palma da mão,
A parar,
Aquela diminuição de ritmo,
A calma,
O vazio.

Sabem?
Devia haver uma limitação de dor,
Aquela que ela sentiu,
Quando a morte a acolheu,
Para não mais regressar.

CA


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