Liberdade

Data 23/03/2008 21:10:51 | Tópico: Poemas

Cotovia de azul negro,
Dourados bebidos no sol poente,
Voo, voo, mas nunca chego
Ao céu azul na minha frente.

Bati as asas alegremente
Quando um caçador me acenou
E voei firmemente
Na ilusão que me cercou.

Na luz do sol me ofusquei,
Atraída por seu brilho;
Ao buscar calor me queimei
No fogo feito meu trilho.

E rolei, rolei sobre mim
Até à infinidade da dor,
Buraco negro sem fim,
Sorvedouro, pântano sem cor.

Fico mais e mais pequena,
Novelo apertado em mão cruel
Solto-me! O coração sai de cena
Vogando em outro batel.

Não olho para trás em alto mar.
Fecho os olhos e remo, remo
Um, dois, um milhão, sem parar,
Num rumo onde nada temo.

Voo livre nas asas do vento,
Sem amarras nem ilusões!
Ter visto o Sol não lamento,
Tão pouco o tormento
Sofrido em turbilhões
De feroz e agreste vento!




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