À luz de um Amor

Data 03/01/2018 19:09:08 | Tópico: Poemas

Como precipitar-me
como o esvair da chuva
em busca de um amor meu
se há cascatas
a dilacerarem a montanha
na sua dor
por amor a um rio

A corrente não cessou
de se entregar ao rescaldo
de um passado
que nunca lhe foi
mar ou céu

Esperamos tu e eu
pela graça
enquanto elementos
fustigados pelo fogo
no seu trajecto aleatório
que nunca se soube ser um fado
em lealdade ao tempo de Jubileu

Como agraciar-te amor meu
se os nados-vivos ainda na história
foram os vilões do templo de Orpheu
onde baptizados fomos tu e eu
mas que nem a nossa sorte
ali se concebeu

Como alcançar-te fonte inesgotável
de um amor
que já foi
um pecado meu

Como dividir em parte iguais
os gritos inaudíveis
às portas da morte
quando desertaram
sonhos de um deus
que nunca soube
onde alcançar a sorte

Como apartar os medos
as angústias
a fertilidade
das Eras insaciáveis
pelo arrastar do tempo

Como libertar as lembranças
de um leito frio
ainda que se pressinta um passado
do que resta
dos seus corpos em chamas

As sombras descobrem a horizonte
os seus semblantes brancos
de retorno à luz de um amor
que nunca dera um nome
às lágrimas rejeitadas pelo céu

Onix




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