De qualquer coisa até ser amor

Data 24/03/2008 23:33:02 | Tópico: Poemas

Delimita-se com um traço
o limite de um abraço
feito de comprimento escasso,
todo curto e sem espaço.

O gesto agarra-se ao actor
sempre arredondando e sem cor
com lábios de alegria e dor,
cheios e ornados de quase amor.

O traço rompe-se sem medo
deixando fugir do degredo
os sentimentos do enredo,
desta história que nasce sempre cedo.

Esvai-se tudo num húmido beijar,
num vigoroso arquejar
feito de querer receber e dar
enquanto se desenvolve todo ímpar.

Assim, da sua forma fisica fica o meio
que se entesa firme e cheio...
lá se escapa de ser cego ou feio
ao passo que se liberta do último freio.

Por fim alarga-se para fora de um traço,
o recorte alucinante de um abraço
feito de cometimento sincero e crasso
que, desmedido, dá força ao Março.

Valdevinoxis




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