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 Recital no Lago Mudo... (10/04/2020)Data 19/02/2018 01:59:29 | Tópico: Poemas -> Desilusão
 
 |  | Observo - no lago -, um sapo (Mergulhado em fados e fadados condões!),
 Que vai - enfunando o papo! -,
 Coaxando a plenos pulmões...
 
 O lago... Todo os nossos mundos...
 Tremula a água e o meu olhar ensimesmado
 Vê-se no sapo - que em cantos profundos! -,
 Coaxa à dor em que me percebe enclausurado...
 
 Se bem o sapo me encanta com fados,
 Que pasmo! É grande e tão surreal a emoção
 Ouvir um sapo coaxando, (qual bardo!),
 Uma singela e amargurada canção...
 
 De uma guitarra a mágica serena
 Seria tocá-la sem esse pensamento condoído,
 E de Fernando Pessoa (o poema!),
 Recitar além de um coaxar tão sofrido:
 
 “* Contemplo o lago mudo
 Que a brisa estremece
 Não sei se penso em tudo
 Ou se tudo me esquece...
 
 O lago nada me diz,
 Não sinto a brisa mexê-lo...
 Não sei se sou feliz
 Nem se desejo sê-lo...
 
 Trêmulos vincos risonhos
 Na água adormecida...
 Por que fiz eu dos sonhos
 Minha única vida?”
 
 Na frialdade do tempo a vida persiste
 E tudo, tudo nessa hora parece que esmorece...
 E o sapo (do meu viver tão triste...),
 Contempla o lago e adormece...
 
 (Onivan)
 
 * Contemplo o Lago Mudo – Fernando Pessoa
 
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