A IMENSIDÃO DO NADA

Data 01/03/2018 13:55:05 | Tópico: Poemas

Sou um cão líquido,
eu reflito espelhos com a coragem
de quem não se ousa olhar
perante eles;

eu comemoro os mortos
porque eles não podem mais usar
nenhum céu ou nenhum desaguadouro
como eu,

nem criarem
mais nenhum palco, compor mais nenhum
poema, ou se perderem em mais
nenhuma ilusão;

sim, eu espelho
o inferno dos vivos, com seus
abastemas e com suas vesanias tão faustas
e coloridas,

e eu comemoro
com os mortos, beijando-os
todos os dias com
minha língua!



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