Naquela tépida tarde de junho

Data 14/03/2018 11:24:31 | Tópico: Prosas Poéticas


Naquela tarde de junho,
O vento soprava do sul pra o norte
E teu cabelo d’ouro ondulava
Que nem vagas dum mar revoltoso.
Ora ia na onda do vento,
Ora pousava em teus ombros
Bem esculturados;
Ombros da deusa do antigo Egipto.
És minha deusa, querida!
Embevecido pela tua lindeza
Agia a mando do meu coração apaixonado;
Enlaçava a tua fina cintura,
Com meus braços trémulos
E absorvia o aroma que exalava
Do teu corpo de sereia do alto mar.
Apreciavas o suicídio das ondas
Nas íngremes rochas do recife,
Ora me olhavas com um sorriso
Nos teus lábios de mel, ora me dizias:
-Amor, quão bela é a natureza!
-Tão bela como tu, querida!
Dito isso, abeirava-me de ti e depositava
O mais profundo beijo em teus lábios,
Tu me abraçavas e sentia os botões
Dos teus hirsutos peitos a frisarem-se
Em meu peito nu e arfante de prazer…
Sentia tuas trémulas mãos a cariciarem
Minha cabeça calva.Singelamente
Procurava teus húmidos lábios
E beijámo-nos perdidamente.
Sem sabermos do vento norte nem do vento sul,
Sem sabermos do casal das gaivotas,
Que namorava a escassos metros de nós,
Enrolávamos no tépido areal da praia,
Onde as vagas do mar vinham derramar
Suas espumosas lágrimas aos nossos pés
E recuavam com um breve adeus, pois,
Regressavam carregadas de beijos
Que se juntavam aos nossos molhados beijos
No tépido areal da praia.
Parecia não ter fim, aquela morna tarde de junho.

Adelino Gomes-nhaca



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