Data 15/04/2018 02:17:13 | Tópico: Poemas -> Desilusão
"Fora de casa sois pinturas; nos quartos, sinos; santas, quando ofendeis; demônios puros, quando sois ofendidas; chocarreiras no governo da casa e boas donas do lar quando na cama."
(Otelo) Ato II - Cena I
a hora da fome..
precisão e revelia a tomarem formas de nenessidade ânsia, presença e tardes e tardes.. pois, se não me servem os pactos de luzes e acenos em vão e não me bastam a proximidade da história (nem me importa..) e bato, e bato, e torno a bater à esta tua e porta. (vê? eis-lhe à vossa presença em meio a este absurdo!) (vê os teus lados assombrando o meu muro..)
a hora da espera.. eis, cá. (...) despe-te, letra arredia.. a este interno ato de comungar ao céu a entregar as causas perante inferno.. ditá-las à revelia e referir ao império de tentativas e falhas! ao eterno pacto, o gosto do fel a derrota.. a história adiada e sem ínicio! sem nada pra se adquirir e, mesmo assim: ainda! ainda o gosto da terra, do fogo a te ser, mar! ao todo púlpito negado e deixado vago às mesmas tragédias revistas todas as tuas pistas em vão! todas elas a levarem-te longe de mim, (...) ou mentiras quais te acredito, vezes o teu silêncio maldito à perfídia pois, cá direi à letra que te serve: torna-te a andar! ora, te reforma dela! direi-lhe, então: cega-a! deixa-a ao lume qual não te quis.. ora, foda-se! e, que sejam as ondas inteiras e frases-poucas e vozes, e olhos e quedas esta, será a minha promessa! talvez, amanhã.. não sei, e cá, não decidirei esta, meu amor.. pode ser-te à época sem mais páginas a decair! fodam-se! afinal, seja lenda, seja não.. eis-me! ao teu ventre aliciado à linha que te sei,
a hora da carne..
espaço por incontáveis eras de transcender o cunho do possível à corda por amplexo da mão que debate o próprio fogo sem poder extinguir-se (não quer..) (não sabe..)
"O ser humano gosta de complicar as coisas, é só uma brisa, quem sabe ela bagunce teu cabelo, quem sabe te acaricie o rosto, quem sabe, quem sabe…"