
Valsa de dor
Data 17/04/2018 05:06:25 | Tópico: Poemas
| Valsa de dor A chuva bate devagar Na vidraça que sofre molhada A húmida saudade da tua fala As cordas da tua voz soam em mim Como ecos de um tempo, ainda, presente Qual valsa bailando de dor Perdida nos balanços de uma dádiva Entre memórias que não desfalecem, Porque só as vãs se esquecem. Em cada gota que escorre Há uma lágrima que se espalha E que o rosto disfarça E que entre rugas se entranha Com a força da tristeza As palavras que largam dor Traem a tristeza que encobre Os dias que fogem de nós. São sonhos perdidos entre noites de insónias São desejos sentidos como fogo É um poema apagado São segredos revelados encostado a teu lado Numa imagem que perpétua o passado É a chuva que continua a cair Ali do outro lado, É a vidraça que está a fingir Que tenho meu ombro encostado E estou embaraçado Porque tinha o poema apagado E te oiço aqui a sorrir Devagar começo a tocar A viola a tocar será que te estou a sentir? E chuva há de parar Quando teu rosto beijar E a valsa contigo dançar E a tristeza libertar Num sorriso de espantar. João Garcez, 2018/04/17
|
|