esta dor que me vem de almas me fitando ao longe
esta dor de um fruto vistoso e saudável por fora mas oco e podre por dentro carrega uma semente
esta dor pulsa em frêmitos gemidos jamais será poesia mas sim apenas garranchos indecifráveis de ulos que se perdem no tempo
esta dor um rio sem margens sem águas contínuas de repente arrebenta as comportas
flui por espaços intermináveis carrega a semente ao terreno fértil dá lugar aos versos apaga as sombras dos espíritos
esta dor que me vem fere o depósito de cicatrizes mentais intercede a um novo ânimo a um novo ingresso para a vida ...
esta dor tal pêndulo brinca com o inconformismo tece espaços abissais ...
esta dor que me vem desvenda ao terceiro olho ranhuras profundas a atravessar pra eu chegar ao riso improvável
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