
Big-Bang
Data 12/02/2022 16:28:01 | Tópico: Poemas
| Desperto pela madrugada. Vejo vestígios noturnos E, assim, surge do nada A deusa dos dedos rosados Descortinando a barra do dia.
Um mundo de todas as cores Surge perante os meus olhos. Orquestra de pássaros cantores Anuncia a chegada doutra manhã. Saio do mundo de Morpheu. Acordo.
Lavo o rosto, escovo dentes, Visto calça, calço coturnos E laço o cadarço encardido. No peito um aperto sinto. Desperto e aperto o cinto.
Pego a primeira condução. Pela janela vejo carros sonsos num indo e vindo infinito. A cidade não tem mais coloração Tudo é daltônico e triste.
Parece que só o tempo existe: Tempo para isso, mil compromissos, Tempo para acordar, café, almoço... Pessoas passam epidemia de autismo. Não interagem, não se veem no olhar Alheio... Parecem que já são assim desde o seio. Sinto que falta algo, que falta tudo, Que em qualquer lugar do mundo Vou morrer sozinho, esquecido... Um corpo caído numa rua qualquer... Faço um muxoxo, solto um assobio. Chego na entrada da fábrica e bato Meu cartão com pontualidade britânica. Ah! Que saudades da minha infância Quando o amor que eu tinha era pela Filha da vizinha, pelo meus irmãos e meus pais! Aonde estão meus irmãos? Para onde foi o meu pai? Para o país desconhecido Que ninguém volta mais? Quanto tempo terei minha mãe?
Preciso de um tempo... Preciso de um Templo Tempo: "Templo de ninguém Onde uma sibila druida Ressuscita almas do além..."
Tic-tac... Tic-tac... Tic... Tac... Big, Big... Big-Bang!
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