Chamas-me

Data 30/03/2008 00:05:25 | Tópico: Poemas -> Amor

Chamas-me
ofereces-me a tua mesa plana
o sol plasmado na tua cama,
folhagem espessa de noites por dormir.
Clamas meu nome em clareiras desconhecidas.
O cheiro intenso:
a pinho, a baunilha e a incenso
… e rosas. Rosas brancas, rosas bravas…
Mordes-me a alma.
Dou um passo a medo e já recuo
no escuro
na verve
no colo incerto que me ofereces, poesia.
Pagã em tempos de cólera
tenho sede
tenho fome
o sangue escorre e galga da medula, a pele.
Retalha-se no sal da longa espera.
Eriço cílios espessos
canto o verde salmodiado p’lo retalhe das olivas.
Esquiva, bebo o luar ímpio da meia-noite
e busco-te, insana,
no improvável
no infinito
no Cume do Universo
lá onde a luz é livre e ductilmente m’avive…

Desfolho-me nas contas de um terço
e exausta, adormeço.



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