No quintal das delícias

Data 14/07/2018 09:46:15 | Tópico: Prosas Poéticas


No quintal ofertado
Pra semear o elixir da vida,
Semeio frutos, d’alma, doces;
Poisam pássaros,
Poisam homens,
Deliciam, deliciam…
Deliciam sem saciar,
A docilidade da minh’alma.
No quintal da vizinhança,
A vida caminha à contramão:
Ao invés de semear
Os encantos d’alma,
O vizinho semeia ervas daninhas,
Que nenhum pássaro,
Nenhum homem,
Se atrevem a provar,
Por saberem a fel,
Vindo dum coração negro,
Nego como as trevas, que o diabo
Semeou em seus cornos.
No quintal da vizinhança,
Rareiam-se os pousos,
Ora pousa aqui e acolá,
Um corvo vindo da morte,
Ora pousa uma mão da sombra
Que incentiva o aflito semeador,
À passar ervas daninhas
Pra quintais alheios.
Meu quintal foi alvo desta praga,
Pássaros se levantaram voo,
Homens se foram nas asas do medo…
Mas continuo a semear melaços frutos
Entre ervas daninhas, quiçá…
Um dia voltarão os pássaros e os homens,
A este quintal da docilidade d’alma,
Bem apreciado pelos moradores de fora
Que semeiam suas delícias em minhas delícias.

Adelino Gomes-nhaca



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=337598