sem título III (“One of this days” at Pompeii)

Data 23/09/2018 04:54:07 | Tópico: Poemas

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estuam silêncios
como se a distância excessiva

não passasse
deste curto rumorejar da maré vazante. jamais entenderei

os abruptos a jusante
desiguais
enredados por finas miçangas flutuantes

num inesgotável caos
de vãos queixumes
remorsos
alegrias
angústias. a braço e meio de mar
brilham indefectíveis
reflexos de cometas
e estrelas
esventram escuridões pela antemanhã tardia

enquanto desabito lugares
[nossos]
dos teus olhos à deriva pelo cais. escorregam ocasos
[nestas coisas além coração … corpo … fugas …]

quiçá se a própria solidão das esperas
ou
as orquídeas

destarte sem poesia
perdem fatalmente a cor.


[ambos chegamos a este ponto . tu leitor e eu.
confesso-te que não sei como acabar este texto]

aprisiono imagens
enquanto ouço a fala dos ventos
o gato aprisiona sombras
na umbreira da porta.

[este ou outro final é indiferente
como um dia de cada vez].


(Ricardo Pocinho – O Transversal)



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