
Depressão
Data 18/10/2018 00:17:43 | Tópico: Poemas
| “É apenas um mau dia.” “Porque é que me sinto tão cansado?” “Vá lá… Age mais entusiasmado!” Estas eram algumas frases que repetia…
O Mundo começou a ficar diferente, Qualquer cor, desaparecia. E o calor do Sol? Mal o sentia… E perante tudo isto, sentia-me impotente.
Procurava vestígios do meu antigo ser. Olhava-me ao espelho, mas não reconhecia Aquele Homem que agora via. E perguntava-me: “Como pôde isto acontecer?”.
Até as tarefas mais fáceis, Como sair da cama, haviam-se tornado improváveis. A ideia de um novo dia era insuportável, E a cada dia, sentia-me cada vez mais, um ser humano imprestável…
Deixei de me sentir uma boa companhia, E a vontade de socializar desaparecia. “Talvez me deva afastar… Sim, é capaz de resultar.”
Comecei então a me distanciar; Laços de amizade foram desfeitos então. O melhor para todos tinha que ser a minha solidão. Não queria que soubessem o que se estava a passar.
Naqueles momentos, tinha muito tempo para reflectir, O que poderia fazer para mudar, Ou haveria sequer uma forma de melhorar. E foi então que os demónios começaram a surgir…
Uma sombra, uma enorme escuridão, Começou a tomar o controlo, E já nada me trazia consolo. Todos esses sentimentos negativos, levaram-me à exaustão…
A vontade de viver era escassa, Difícil tê-la, quando nem nos lembramos o que é sentir felicidade. “Só quero que isto acabe…”, essa era a minha vontade. E dei por mim a desejar, constantemente por uma desgraça.
“Por favor, eu não quero voltar a acordar…” Repetia incessantemente todas as noites antes de adormecer. Já não sentia vontade de viver, Mas, não tinha coragem, Não conseguia ser eu a pôr termo à minha “viagem”.
E assim fui sobrevivendo, Ansiando por um fim que teimava em não chegar. A dor, a mágoa, o desespero, continuavam-se a acumular. A vida era apenas um tormento, Uma angústia em constante crescimento.
Eventualmente cheguei aos limites da minha coragem. “Acaba com o sofrimento…”, ouvi esta voz na minha mente, E havia uma certa verdade nessa afirmação, infelizmente: “Porquê continuar? Sentir-me feliz, é apenas uma miragem”.
A lâmina parecia-me “atraente”, Segurei-a: “Fá-lo!”, a voz instigava. Um simples gesto, e finalmente Teria a paz pela qual ansiava.
Mas no último segundo fui incapaz, Não sei ainda o que me fez voltar atrás. Terá sido receio da dor física? Ou evitar a dor dos entes queridos? Quaisquer que tenham sido os motivos, já foram esquecidos…
Gostava que tivesse sido o fim de todo o sofrimento, Mas a tristeza permaneceu: Aprendi a tê-la comigo, a cada passo, a cada movimento. E a esperança de voltar a ser eu? Bem… Essa há muito que desapareceu…
(Não sou poeta, apenas escrevo de forma a lidar com os problemas que me assombram)
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