CONCOMITÂNCIA

Data 01/04/2008 22:01:01 | Tópico: Poemas

Continua ecoando em mim
O som das palavras não ditas.
Permanece comigo o arrepio
Provocado pelas mãos que não me tocam.
Continuo sendo o vazio e o cheio,
Numa feroz concomitância.
Continuo delirando em versos,
Debulhando-me em devaneios
Que me enchem o espírito do muito querer
E o esvaziam das sensações calejadas
Pelo não poder ser.
Sou o instante derradeiro
Que separa a gota de orvalho que cai solitária,
Da imensidão de um oceano.
Sou como aquele que acena feliz e emocionado
Na chegada do trem,
Para uma plataforma onde não há ninguém.
Sou como a flor que desabrocha em magnífica beleza
Na solidão da mata fechada.
Como um mudo que, consciente de sua impossibilidade,
Extasiado, se cala.


Frederico Salvo.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=34005