Diários de oficina & de pensão - VI

Data 03/12/2018 19:48:28 | Tópico: Textos -> Outros

DIARIOS DE OFICINA & PENSÃO - VI

Quarta-feira, 28 de novembro
Oficina - manhã
Ontem nem agradeci a Deus os cinco reais que recebi de Seu Raimundo pela solda na sua inseparável bicicleta. Quando entrou foi logo me avisando que daria apenas essa quantia. Legal, fazer o quê, era apenas um ponto de solda E ele é muito arreliado, tudo é uma zanga se contraria-lo.
- Seu Raimundo! - saudá-me seu Obina sem camisa e já pitando o seu cigarro.
- Seu Obina Puro, pode sentar, aqui esta a sua cadeira - apontei para a mesma no canto da porta.
Dona Zezé com seu passo tímido e na tranquilidade serena acompanhada pelo seu fiel cão bassé vão a padaria da rua 30. Seu Obina mexe no celular para olhar seus videos. As simpáticas funcionarias do Supermercado Antonio da Praça do Bacurizeiro passam alegre e conversando amenidades.
Quando eu descia de manhã cedo, Delegado estava sentado na porta de Seu Apolônio. Mariano, o carroceiro maneta estava no canto da rua 22 perturbava-o.
- Poeta, ta pensando que Delegado é pouca merda - ironizava do canto - Delegado é pesado
Seu Obina conversava ao celular
- Não esquece - adverte.
Delegado chega e logo depois Seu Antonio, o negão das polpas de frutas para o seu carrinho de três rodas.
- Vocês flamenguistas ficaram só no cheirinho
Seu Obina esta ansioso, terça-feira que vem vai buscar o 'possante' e deixa vez não vai alugar para lotação, somente para curtir com os brotinhos
Vou cair no campo, quanto mais cedo começo, mais cedo termino então posso dedicar-me as leituras e escrever um pouco. Delegado foi dar uma campeada nos bares lá de cima.

- Houston temos um problema - assim como aquela missão Apollo teve um, eu também tenho.
O dono do portão não falou em chapa, agora quer uma. Entro em parafuso, tomo uma Carba para minorar, querendo adiantar, cortei a chapa e a boca da talhadeira não segurou a pressão e arrebentou. O tempo ameaçando chover, eu cabreiro como sempre, tudo é pissivel, principalmente para mim, onde tudo dar errado. Mas seja como Deus quiser. O barulho do motor da Toyota Bandeirante da Madeireira Bastos, dirigido pelo filho mais velho do proprietário, vindo de uma entrega com o gigante Katchengo na janela.
- Professor! - congratula-me Seu Luigi, vendedor aposentado e parente proximo de Zeca Baleiro.
Um rapaz barbudo sem camisa com um carro de mão interrompeu a conversava com Valdenir ou Blindex que explanava sobre direitos e deveres. Trabalhou com segurança armada em áreas de riscos. O rapaz barbudo perguntou-me se eu não tinha pedaços de ferros para dá-lo. Despachei-o laconicamente que não. Ele saiu triste.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=340779