
GENEALOGIA DO POEMA
Data 13/12/2018 23:30:02 | Tópico: Poemas
| GENEALOGIA DO POEMA
D'onde vem o poema? Quem é seu pai? Em que ventre é pacientemente gerado? Quem é sua mãe?
A quem pertence? Criatura d'um deus criado... Sim: O poeta!
Pois bem, pode o poeta, inspirado por musas ou assombrado por fantasmas, deixar sobre o papel suas impressões antes que os leitores se apropriem do texto e o reescrevam a cada leitura?
Semelhante a Deus, o poeta é um pai ausente: Abandona o poema e vai cuidar de si. Ou do Universo...
Resta ao poema passar pela existência absurda dos poemas: Existir sempre que os olhos pousem sobre as letras Ou que os ouvidos lhes percebam as sílabas.
Seja em caracteres; seja em sons, o poema chega ao leitor. É sua grande missão, afinal, para isso fora escrito, ainda que o poeta o negue, autossuficiente, argumentando tê-lo escrito como necessidade d'expressão.
Se assim fosse, não sairia da gaveta, não viria a lume confuso e frágil; não encheria páginas e páginas com sensibilidade, não atravessaria os séculos e os oceanos, não habitaria, ainda que por instantes, no coração e mente do leitor.
O poeta se defende porque sabe o poema com seus traços... Deriva de sua mente e de sua visão de mundo, logo, as fragilidades d'ele são fragilidades suas. Exposto, o poeta se vê no poema.
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Sangue do seu sangue, como um filho, o poema é o poeta, subsiste-lhe.
E é justo essa consanguinidade que o exaspera.
Betim - 13 12 2018
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