Cego debruçado em via-estreita
Data 13/01/2019 10:56:51 | Tópico: Poemas
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Há palavras de vulgar despojo, Pois porque o normal é dar, logo Eu me dou, de mim próprio, tal Como choro ou respiro e me redimo,
Mortal despojo, nome de guerra, nojo, Guerreiro de latão, charlatão, só de incerteza Tenho pose chaves e certidão; desejo é Bom-porto, Porto-bom tem Zenão,
O silêncio é absurdo e o meu espírito Paira longe ao longo, pois já não é só o pensar Que me foge, eu que fujo de me pensar Morto e mudo, cego debruçado em via-estreita,
Consciente da derrota, fama é lama e o facto De ser dissemelhante a algum outro Espécime de peixe-monge, faringe desfeita E traqueia, difíceis de engolir, de pesar,
Há palavras de vulgar despojo, nojo Porém me dá a fala sem emoção, "fio-prumo", Por isso choro, quando respiro De fora para dentro...e me dou,
Cego debruçado em via-estreita e oblonga, Vivo metaforicamente falando pra fora E me queixo não por intenção mas por despeito, Cedo por entre a prega do beiço, essa sim,
Autêntica, sábia, cega e verdadeira.
Jorge Santos 01/2019 http://namastibetpoems.blogspot.com
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