
Azul do Mar
Data 04/04/2008 22:01:11 | Tópico: Crónicas
| Tinha onze anos e foi a primeira vez que vi o Mar. Fomos a uma pescaria na serra perto de Ilha Bela e na volta, cumpriu-se a promessa de meu pai. O tão sonhado encontro. Foi fascinante, inesquecível. Minha primeira impressão, o cheiro, nunca ainda sentido! A segunda, a imensidão! Era um dia nublado, no fim do verão e já pelo meio da tarde, a praia estava quase deserta. Eu tirei o tênis desci do carro e corri experimentando pela primeira vez a sensação de pisar naquela areia. Cheguei bem perto e ficamos nos olhando, quietos, tentando nos reconhecer. Depois me aproximei lentamente e deixei as ondas tocarem meus pés. Fiquei por mais um tempo, contemplando aquele barulho de imensidão, de braveza. Parecia que conversávamos. Ele me dizia: _ Demoraste tanto! E eu: _ Por que és tão arredio? Já faz tanto tempo... Mas nossa amizade perdura. Quando me lembro do Mar, não penso em dias radiantes de sol e nem em praias entulhadas de gente bronzeada. Lembro-me do que ficou em mim naquele dia. Lembro-me do nosso primeiro encontro. Dou-lhe o direito de ser somente o Mar de ser rebelde, audaz, de insistir sobre as rochas, bravio. E dele ouço sempre o mesmo cantar, num leva e trás de memórias. O Mar que eu gosto mora numa praia vazia. O Mar que eu gosto tem um céu nublado. Na praia das minhas memórias o meu Mar se chama Poesia.
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