
Distância
Data 13/04/2019 00:33:50 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| Foram numerosos silêncios tão crus quanto ásperos Uma fome insaciada, uma névoa de muito desalento Mãos distantes a se buscar ébrias em meio ao sonho Foram tempos de um nó insano a arder na garganta Foi o frio da vida seguindo numa angústia sem saída Foi a dor da perda num reencontro de cartão postal Tal a dor que dói à terra a flor que se lhe desenraiza Onde restam cicatrizes que nem o tempo vai apagar
Mas a mão do destino esconde segredos em silêncio Mantém em si todas razões que a razão desconhece Com esmero de reduzir a nada todas as construções no que seja improvável; Romper as impossibilidades de tudo aquilo que se pudesse nomear de impossível No ventre que gera a vida está o germe da renovação Para se fazer tempo de reencontro, de reaproximação Acalmar as dores, angústias, dúvidas e hipertensões
Enfim uma flor se desabrocha, é a vida reeditando-se Nos portais do espaço e tempo semeamos esperança Para reaprender que distância é apenas uma ficção Chegas no sonho, mas és corpo, és carne e realidade Cada vez que nossas almas se encontram no infinito As memórias de vida se refazem na energia ancestral O nosso tempo já não é como nos relógios sonolentos Não haverá monumentos ou heranças de nosso viver
Devo falar do que há muito tenho guardado em mim Já devia ter te dito: dá-me a tua mão e fecha os olhos Aconchega tua cabeça sobre meu peito neste abraço Sem imaginar se é possível ou distante, sem projetos Apenas fica. Seja para sempre ou apenas um instante Mas que tenha a duração da eternidade dos amantes Sempre me pertencerás na minha ilusão de nós dois O existir não tem sentido senão aquele que criamos Sabem o que é incrível? Duas pessoas reunidas pelo destino e afastadas pela vida. Quando se encontram é uma explosão em cores e som. Depois é dia seguinte.
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