Escrevo o que ninguém escuta ...
Data 13/07/2019 09:44:38 | Tópico: Poemas
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Escrevo o que ninguém escuta eu dizer, Se me manifesto pela saliva do nariz, Salvo a consciência, perco-me no que digo, Na memória e na forragem do umbigo,
A trajectória não tem leme, vagão ou rumo, Escrevo "por-bem-dizer" o que conluio Ser uma tela de superfícies cavas, expressando O que é a face humana e manuscrita, não falando
Daqueles que não têm remédio comigo, Os dias grandes não costumam se repetir, É um facto, cabe a mim situar-me No melhor lugar e pensar diferente
A cada minuto de dia, na galeria, Na plateia ou no balcão para que Esta pareça uma outra peça, Sem me sentir prisioneiro do teatro,
Posso sempre sair para a praça, Jogar matraquilhos ou assistir da bancada Ao clube da terra, enormes são os dias Que não se repetem, nem mesmo
Eu, repito-me escrevendo, concluí Que sou um viciado em rotinas pequenas, Pequenos são os meus dias e a rotina … Escrevo o que ninguém escuta
Eu dizer falando. Venho de uma pequena Ciência em que os dias são todos os tais, Lá fora formaram-se coisas, grandes causas Ao abrigo da conspiração das horas,
Temem a desolação que habita dentro De mim, sem dúvida que sou pequeno, Tudo em mim é noite escura e meia Altura de tamanho e peso, ninguém escuta
O que eu digo do umbigo e em roda dele, Situo-o no meio-dia e eu em órbita do nariz, Da saliva desvalorizada, vulgar, parda Vida em que vivo sem me fazer ouvir...
Jorge Santos 07/2019 http://namastibetpoems.blogspot.com
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