ampulheta

Data 06/07/2019 08:46:07 | Tópico: Poemas

o por-do-sol é sempre a minha espera
sentada na areia da ampulheta que me engole
chamo-te e não vens.
será do tempo que não para na estação dos sonhos.

eu, entre a realidade e o fim
quando acordada
vou tomando alguns remédios, enganos e placebos
e tu, entre a vida e a morte escondes-te no sangue dos números
que não perdoam.

abracei-te com as mãos que em ti perdi.
deserdaste a minha noite, a minha carne solitária, parda.

tu
que em tanto tempo, nunca tens tempo,
para ser livre e perder a alma na minha alma.

agora, de novo, coisa velha,
já são seis da manhã, mais uma vez o tempo de ruir.



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