"Largura & O Filme Perdido Joujoux"

Data 05/09/2019 12:28:35 | Tópico: Prosas Poéticas

A tarefa mais árdua depois da morte é ir a algum lado. Podia ir ao teu encontro. Dizer-te o que queres ouvir. E no entanto, estou para aqui a falar com a morte e urge renovar o ar ou restará apenas sombra e a burka azul marinho sobre a lembrança. Cada um dorme como pode. Poderíamos alargar, encurtar as distancias? E se fossemos para a cama fazer amor? O problema são as estátuas feitas nas suas próprias cadeiras, uma vela arder... imagina uma estátua em andamento mimada aos beijos... será o veneno que nos mata que nos cura ou o veneno que nos cura que nos mata? Penso nos sorrisos que alargaram e encurtaram as distancias mas eu sou louco e questiono-me indagando sobre o porquê de continuar aqui a distrair a morte sozinho arrastando-me como um velho marinheiro espanhol no meu maior profundo adiando o mais que posso enquanto posso a noite definitiva num verso tão pequeno e altivo, por acreditar na simplificação do ser como os fantasmas para ser inteiro e não acreditar nessas formas de vida vegetativas pro caneco, pela beleza, pelo amor. A união é a única perfeição possível, a harmonia que nunca nos deixa adoecer. Em bom rigor, para quem persegue a vida ser seria púrpura, um alargar, um alargar... a música, a música violeta. Mas o raio da morte...


"Largura & O Filme Perdido Joujoux", Alberto Moreira Ferreira


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=345475